quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ESQUADRÃO DA VIDA - Grupo de teatro que atua há 30 anos em Brasília

O ESQUADRÃO DA VIDA
Grupo de teatro de Brasília que há 30 anos faz a capital acordar pelas ruas da cidade



·         Como começou o EQUADRÃO DA VIDA e como é o trabalho de vocês?

A história da trupe teatral Esquadrão da Vida (EV) confunde-se com a história de Brasília. Fundado em dezembro de 1979, por Ary Pára-Raios o EV foi pioneiro na abordagem de temas que marcariam a vida cultural brasileira das décadas seguintes: o resgate e a valorização da cultura popular, a denúncia da exclusão de parte importante da população dos espaços culturais tradicionais, a subversão bem-humorada do espaço público, a conscientização ecológica e a pesquisa gestual de um teatro liberto do academicismo, que incorpora elementos expressivos das festas populares e de saltimbancos como acrobacia, música e dança.
A morte de seu fundador em 2003, lançou o grupo numa fase de luto e reflexão acerca de sua trajetória – hiato que agora se encerra e do qual o grupo sai fortalecido. Entre 2003 e 2007, o EV distanciou-se das apresentações de rua, tendo reencenado peças de temática sócio-ambiental – uma das linhas de trabalho da trupe – para públicos específicos, em ambiente fechado e em parceria com organizações não-governamentais ambientalistas. Em um processo grupal que culminou com a mostra retrospectiva da história do grupo, montada em 2008 no Centro Cultural da Caixa, o EV retoma seu espaço por excelência – a rua – e continua seu caminho de levar o teatro para o seio da cidade, desconstruindo os moldes fossilizados de uso do espaço público apenas como lugar de trânsito e trabalho ao fazer irromper o prazer, a alegria e a arte da encenação nos tons de cinza do cotidiano corrido e alienador que marca a vida nas metrópoles.
Grupo de teatro mais longevo da cidade – agora capitaneado por Maíra Oliveira, filha de Ary Pára-Raios – em 2009 o EV comemorou 30 anos de artes cênicas reassentado sobre novas bases – a preservação e o desenvolvimento de sua forma de abordar o teatro no Brasil. Para tanto foram definidas duas direções de trabalho: o retorno ao teatro de rua com material inédito, de forma a marcar a reentrada da trupe no cenário artístico da capital; e a consolidação do esforço de divulgação de um trajeto em arte que remonta ainda à época da ditadura, posto que iniciado com performances urbanas que buscavam lutar pela liberdade de expressão através do humor e da ironia atuados em espaço público.
·         Para comemorar os 30 anos como está sendo a programação?
O ano da comemoração está sendo celebrado com a circulação de um espetáculo inédito: O Filhote do Filhote de Elefante, atualmente em circulação pelo Distrito Federal. A peça é uma adaptação do entreato da obra Um Homem é um Homem, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, feita pelo próprio Ary Pára-Raios – e abre para o grupo a possibilidade de uma linha de trabalho renovada em apresentação de textos teatrais na rua. Já fizemos espetáculos direcionados especialmente para crianças, mas hoje a nossa história é mesmo o teatro de rua. O Esquadrão da Vida tem, nos últimos 30 anos, aprofundado sua linguagem estética e dramatúrgica a fim de que seus espetáculos possam cada vez mais cativar quem os assiste. É uma busca eterna pelo imaginário popular tradicional, pelo o que move nosso povo, nossa terra. E isso é uma coisa que faz com que todas as pessoas acabem se identificando com o trabalho. Como somos uma ONG ambientalista, sempre tivemos as entidades ambientalistas como grandes parceiras. Atualmente, tivemos o financiamento da Secretaria de Cultura do DF para a manutenção do grupo e estamos com o apoio financeiro de uma emenda parlamentar. Em novembro, no entanto, os apoios acabam!
·         Como é a reação do público quando vocês chegam?
Nossas peças são para todas as idades, não são somente espetáculos infantis. Somos preocupados com a rua, em como fazemos para que nossas apresentações sejam feitas de forma em que toda e qualquer pessoa, independente de classe social e idade, possa assistir e desfrutar de nossos espetáculos. E as crianças, naturalmente, fazem parte desse público que sempre acaba muito envolvido com o trabalho.
É muito curiosa a reação do público sempre que chegamos às quadras de Brasília ou em alguma rua qualquer de alguma cidade. Os primeiros a receberem a gente, de braços abertos, são com certeza, os pequenos. O olhar curioso que pergunta: quem são essas pessoas? O que fazem aqui? Será que vai ter festa? É teatro? É uma brincadeira? O quê é isso?  - é um olhar que é bem particular de crianças mesmo! Como o espetáculo que está em cartaz agora se chama O FILHOTE DO FILHOTE DE ELEFANTE, muitos querem saber se vai ter um elefante ou não, ficam com a curiosidade atiçadíssima. E se mostram felizes por estar ali, perto de suas casas, tendo a oportunidade de ver teatro e se divertir de uma forma diferente das que estão acostumados. Muitas vezes, após o espetáculo, quando estamos arrumando o cenário para ir embora, algumas crianças chegam e dizem: EU QUERO SER DO ESQUADRÃO, COMO É QUE EU FAÇO? Ou seja, há realmente uma identificação muito grande com o trabalho.
·         E como é estar nas ruas ?
Acho que o teatro feito na rua amplia essas possibilidades e nós do Esquadrão da Vida procuramos tratar as crianças como pessoas que pensam e que, mais ainda, tem uma capacidade enorme de sonhar e encontrar soluções para muitos problemas de forma criativa. Coisa que nós, adultos, precisamos aprender com eles. Aprendemos muito.  
·         E o que está por vir? O que o Esquadrão da Vida tem em seus planos?
Precisamos urgente de uma sede para poder organizar nossas coisas, material acumulado em trinta anos. Material que meu pai, Ary Pára-Raios, cuidou e conservou, desde que chegou a Brasília, em 1974. Muito se perdeu por falta de cuidados adequados. Ainda bem que o Esquadrão tem muitos amigos, que sempre estão dispostos a ajudar! Assim vamos seguindo, ensaiando todos os dias, das 8h às 13h30, fazendo produção e por aí vai. Ralando muito! E, justamente por nosso ritmo de trabalho ser tão intenso, é muito raro encontrar pessoas que realmente queiram participar do grupo. Uma forma de conhecer o nosso trabalho mais de perto é, além de ir assistir às nossas apresentações, fazer uma oficina com a gente. A partir desse tipo de experiência podemos escolher, de repente, um novo ator para o Esquadrão. E o ator do Esquadrão é um ator-músico-acrobata. Aqui a gente assobia e chupa cana ao mesmo tempo! Visitem nosso blog http://esquadraodavida.wordpress.com lá sempre terá nossa programação, pode ter certeza. Nossas portas estão abertas, quem quiser conhecer e entrar em contato, é só chegar!  

Dê Toledo

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